quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Gabiroba [Campomanesia cambessedeana Berg. (Myrtaceae)]
A gabiroba (Campomanesia cambessedeana Berg.), Myrtaceae é uma espécie arbustiva, com 60 a 80 cm de altura e de copa. Uma planta produz em média 30 a 100 frutos (Figura 2), com dimensões variando de 1 a 3 centímetros de comprimento por 2 a 3 centímetros de diâmetro, pesando aproximadamente 1 a 3 gramas cada fruto (Silva et al. 2004).
Figura 2. Frutos de Gabiroba (Campomanesia cambessedeana Berg.), Barra = 1cm.
A espécie é bem distribuída pela região de cerrado, sua ocorrência é maior nos seguintes tipos fisionômicos do bioma: Cerrado, Cerradão e Campo Sujo (Silva et al., 2004).
A região do cerrado abrange uma área de 204 milhões de hectares, distribuídos ao longo de todo o Brasil, representando cerca de 22% de sua totalidade. Porém essa região vem sendo desmatada continuamente em grande velocidade que junto com a exploração extratistiva e predatória tem proporcionado quedas drásticas nas colheitas de diversos frutos desse bioma, tornando-se imprescindível a elaboração de cultivos eficientes (Silva et al., 2001).
Existem inúmeras espécies nativas desse bioma que apresentam frutos de grande aceitação pelas populações locais, como é o caso da gabirobeira (Campomanesia cambessedeana Berg.)(Figura 1), seu consumo pode ser por sucos, doces e geléias (Silva et al., 2001; Ferreira et al., 1980), porém o conhecimento atual sobre as técnicas de armazenamento de sementes é limitado às plantas de interesse agrícola. As exigências das sementes da maioria das espécies silvestres precisam ser elucidadas e apresentam pouco conhecimento até então (Heywood, 1989).
Muitas dessas espécies pertencem à família Myrtaceae, apresentam dificuldades de germinação quando suas sementes apresentam baixos teores de água, como exemplo Campomanesia leneatifolia onde teores abaixo de 8,1%, proporcionaram retardamento e
desuniformidade na germinação das sementes (Carvalho et al., 1997). Já para sementes de espécies do gênero Eugenia, também desta família, apresentam curta longevidade, sendo recomendada sua semeadura imediatamente após sua coleta, como é o caso da
grumixameira (E. brasiliensis Lam.) (Lorenzi, 1992).
Outras espécies desse gênero apresentam altos teores de água inicial, entre 40 a 70%, porém essas sementes são consideradas sensíveis à desidratação conforme observado por Delgado & Barbedo (2007) que avaliaram o teor de água e germinação de seis espécies frutíferas nativas de Eugenia (E.brasiliensis Lam., E.cerasiflora Miq., E.involucrata DC., E.pyriformis Camb., E.umbelliflora Berg. e E.uniflora L.), observou relação significativa entre a diminuição do teor de água e a redução do poder germinativo, independentemente do processo de secagem.
Apesar de diferenças nos limites de tolerância à dessecação das sementes das diferentes espécies, a redução do teor de água para valores inferiores a 45% sempre prejudicou a germinação
dessas sementes, que perderam a capacidade germinativa quando o teor de água foi inferior a 15%.
De acordo com Carvalho & Nakagawa (2000), vários autores atribuem à umidade relativa influência direta na respiração das sementes, sendo esse o fator mais importante que afeta o potencial de armazenamento. Dessa forma, para várias espécies, a conservação será melhor com níveis baixos de umidade. Outro fator importante é o método de secagem, pois sementes podem ser confundidas com recalcitrantes se o método de secagem e o nível de maturação não forem devidamente observados ou se forem desidratadas antes de terem adquirido completamente a tolerância à dessecação (Bewley & Black, 1994).
Porém, poucos estudos avaliaram a germinação e a conservação das sementes de plantas do gênero Campomanesia (Melchior et al., 2006). Sendo que alguns autores constataram germinação acima de 90% para sementes de Campomanesia rufa (Berg) Mied., e que a
viabilidade das semente se conservou por 180 dias, quando as sementes foram submetidas em sacos de plástico de polietileno à temperatura ambiente (23-35ºC; 70-75%UR) (Arrigoni et al., 1997).
Já para C. lineatifolia Ruiz et Pav., quando submetida ao dessecamento e à baixa temperatura, verificou-se que a redução do grau de umidade para 19,0%, não afeta a porcentagem final de germinação, porém houve redução da germinação quando a umidade
foi reduzida para 16,0%. Quando submetidas à baixa temperatura (4°C) por 12 horas ou mais, as sementes tornaram-se inviáveis.
Indicando que sementes de C. lineatifolia têm comportamento recalcitrante, não suportando a dessecação e o armazenamento em temperatura baixa (Carvalho et al. 1997). Apesar de estudos desenvolvidos buscando a superação de viabilidade de espécies da família Myrtaceae, muitas ainda não apresentam tecnologias que permitam seu armazenamento por longos períodos (Lorenzi, 2002).
Referências bibliográficas:
ARRIGONI, B.M.F.; ALVARENGA, A.A.; CARVALHO D.A. Armazenamento e viabilidade de sementes de Campomanesia rufa. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.21, n.1, p.85-90, 1997.
BEWLEY, J.D. & BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. 2.ed. New York: Plenum Press, 1994. 455p
CARVALHO, M.L.M.; VON PINHO, E.V.R. Armazenamento de sementes. Lavras: UFLA/FAEPE, 1997. 67p.
CARVALHO, N.M. & NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4. ed. Jaboticabal: Funep, 2000. 588p.
DELGADO, L.F.; BARBEDO, C.J. Tolerância à dessecação de sementes de Eugenia. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v. 42, n. 2, p. 265-272, 2007.
FERREIRA, M.B. Frutos comestíveis nativos do cerrado em Minas Gerais. Informe agropecuário, Belo Horizonte, v.6, p.9-18. 1980.
FONSECA, S.C.L.; FREIRE, H.B. Sementes recalcitrantes: problemas na pós-colheita. Bragantia, Campinas, v.62, n.2, p.297- 303, 2003.
HEYWOOD, V.H. Estratégias dos jardins botânicos para a conservação. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1989. 69p.
LORENZI, H. 1992. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum. 352 p
MELCHIOR, S. J.; CUSTÓDIO, C. C.; MARQUES, T. A.; MACHADO NETO, N. B.; Colheita e armazenamento de sementes de gabiroba (Campomanesia Adamantium camb. – myrtaceae) e implicações na germinação. Revista Brasileira de Sementes, vol. 28, nº 3, p.141-150, 2006.
ROBERTS, E.H. Predicting the storage life of seeds. Seed Science and Tecnology, Zürich, v.1, n.2, p.499-514, 1973.
SILVA, D.B.; SILVA, J.A.; JUNQUEIRA, N.T.V. & ANDRADE, L.R.M. Frutas do cerrado. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. 178 p.
Faça downloads de artigos dessa espécie nos link:
Propagação:
DIFERENCIAÇÃO DE ACESSOS DE GABIROBA - UFG JATAÍ
EXTRAÇÃO QUÍMICA DE SEMENTES DE GABIROBA
AVALIAÇÃO DE CRESCIMENTO DE PLANTAS DE Campomanesia pubescens EM DIFERENTES SUBSTRATOS
PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DA GUABIROBEIRA (Campomanesia
xanthocarpa BERG.) IN VITRO E POR ESTAQUIA
DIFERENTES SUBSTRATOS E RECIPIENTES NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE GABIROBA
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE GUABIROBA SUBMETIDAS À PRÉ-EMBEBIÇÃO
COLHEITA E ARMAZENAMENTO DE SEMENTES DE GABIROBA (Campomanesia
adamantium Camb. – MYRTACEAE) E IMPLICAÇÕES NA GERMINAÇÃO
Composição Química:
Composição do óleo essencial das folhas de Campomanesia adamantium
IDENTIFICAÇÃO DE TERPENOS NO ÓLEO DOS FRUTOS DE CAMPOMANESIA ADAMANTIUM (CAMBESSÈDES) O. BERG. LANDRUM
Volatile Oil Constituents of Campomanesia phaea (0. Berg) Landrum. (Myrtaceae)
Preliminary studies on Campomanesia xanthocarpa (Berg.) and Cuphea carthagenensis (Jacq.) J.F. Macbr. aqueous extract: weight control and biochemical parameters
IDENTIFICAÇÃO DE TERPENOS NO ÓLEO ESSENCIAL DOS FRUTOS DE Campomanesia adamantium (Cambessédes) O. Berg – MYRTACEAE
Champanones yellow pigments from the seeds of champa Campomanesia lineatifolia
COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS FRUTOS DE Campomanesia adamantium (Cambessédes) O.BERG
Antiulcerogenic effects of Campomanesia xanthocarpa
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Muito bom! Parabéns vc é D+!
ResponderExcluirehhehemm
ResponderExcluirInformando sobre o CERRADO............
muito bom..
informação nunca é d+