A cagaiteira [Eugenia dysenterica DC (MYRTACEAE)]

A cagaiteira (Eugenia dysenterica DC, Myrtaceae), conforme citado por Ribeiro et al., (1994) ocorre nas formações vegetacionais do Cerradão, do Cerrado e do Campo Sujo de Distrito Federal e dos estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Bahia.
Segundo Brito et al., (2003) a cagaiteira é uma árvore com até 10 m de altura, glabra salvo botões, pedicelos, ramos com frutos vigorosos, tronco com casca suberosa, rugosa, profundamente sulcada e gretada.

As folhas são opostas, simples, curto-pecioladas subsésseis, caducas na floração. A inflorescência é do tipo racemo axilar que surge com a folhagem nova e avermelhada. Suas flores são brancas hermafroditas. O fruto é uma baga globosa de 2 cm a 3 cm de diâmetro, amarelo, depresso-globoso, com 1 a 4 sementes, coroado pelo cálice seco. A semente tem cerca de 1 cm a 1,5 cm de comprimento, é creme, oval (Almeida et al., 1998) ou de formato globoso e elipsóide, com tegumento de coloração amarelo-pardacente, coriáceo e moderadamente resistente; o embrião apresenta-se como um tecido conferruminado em que os cotilédones fundem-se em um corpo único (Andrade et al., 1996).


Figura 1: Ramos com frutos de Cagaita (Eugenia dysenterica DC).

A cagaiteira produz nova folhagem, floresce e frutifica no espaço de 1 mês, em agosto-setembro, no máximo no começo de outubro. Foi salientado por Sano et al. (1995) que o inicio da emissão de folhas em cagaitas ocorre no mês de agosto, com renovação total dessas estruturas. As árvores ficam desfolhadas até que ocorra o fenômeno da caducifólia que dura entre 6 a 7 dias, de maneira não sincrônica.

Segundo Proença e Gibbs (1994), a cagaiteira apresenta estratégia de florescimento do tipo “big-bang”, onde ocorre um florescimento em massa e sincronizado em um período de transição da estação da seca para a estação chuvosa.

A frutificação da cagaiteira conforme Silva et al., 1992 citado por Souza 2006, inicia-se no quarto ou no quinto ano de idade, plantada no campo. O período médio entre o início de formação os frutos e sua maturação é de aproximadamente, quatro semanas. A maturação dos frutos é relativamente rápida e coincide com o período chuvoso.

Para Rizzini (1971), plantas novas de cagaita são encontradas em volta das plantas mães no mês de março. A germinação natural das sementes ocorre entre dezembro e janeiro, logo após a queda das mesmas, mostrando que não há impedimento natural da germinação, porém, o poder germinativo não ultrapassa três meses em condições de baixa umidade.

A propagação da cagaiteira tem sido realizada pela forma sexuada através de mudas obtidas de sementes, coleta de frutos maduros em árvores selecionadas (Brito et al., 2003).

Segundo Souza (2000), testando diferentes substratos, constatou que a emergência de plântulas de cagaita é bastante desuniforme, tendo verificado, 99,8% de emergência com inicio aos 16 dias, estendendo-se até 103 dias.
As mudas de cagaiteira, segundo Souza et al. (2002), apresentam crescimento em altura e diâmetros desuniformes, constituindo um problema para a propagação sexuada de plântulas desta espécie.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, S.P.de; PROENÇA, C.E.B.;SANO, S.M.; RIBEIRO,J.F. Cerrado:espécies vegetais úteis. Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1998.464p.

ANDRADE, A.C.S.; CUNHA, R.da; FAIAD, M.G.R.; MAURY NETO, L.; SOUZA, A.F.de. Germinação, morfologia da semente e do desenvolvimento pós-seminal e detecção de fungos associados às sementes de Eugenia dysenterica DC. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 47., 1996. Nova Friburgo. Resumos. Sociedade Botânica do Brasil, p.464-465.1996.

BRITO, M.A.; PEREIRA,E.B.C.; PEREIRA,A.V.; RIBEIRO,J.F.R. Cagaita: biologia e manejo. Planaltina: Embrapa Cerrados, 80p. 2003.

PROENÇA, C.E.B.; GIBBS, P.E. Reproductive biology of eight sympatric myrtaceae from central Brazil. New Phytologist, Cambridge, v.126, p. 343-354, 1994.

RIBEIRO, J.F.; FONSECA, C.E.L.; ALMEIDA, S.P.; PROENÇA, C.B.; SILVA, J.A.; SANO, S.M. Espécies arbóreas de usos múltiplos da região do cerrado: caracterização botânica, uso potencial e reprodução. In: CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE SISTEMAS AGROFLORESTAIS, 1, 1994. Porto Velho. Embrapa-CNPF, Anais... 1994. 522p. (Embrapa-CNPF, documentos, 27).

RIZZINI, C. T. Aspectos ecológicos da regeneração em algumas plantas do Cerrado. In: SIMPÓSIO SOBRE O CERRADO, 3., 1971, São Paulo, SP. Anais... São Paulo: E. Blucher, 1971. p. 61-64.

SANO, M.S.; FONSECA, C.E.L.; RIBEIRO, J.F.; OGA, F.M.; LVIZ, A.J.B. Foliação, floração, frutificação e crescimento inicial da cagaiteira em Planaltina, DF. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.30, n.1, p.5-14, jan.1995.

SOUZA, E.R.B. de; NAVES, R.V.; CARNEIRO, I.F.; LEANDRO, W.L.; BORGES, J.D. Crescimento e sobrevivência de mudas da cagaiteira (Eugenia dysenterica DC.) nas condições do Cerrado. Revista Brasileira de fruticultura, Jaboticabal, v.24, n.2, p.491-485, ago, 2002.

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Propagação:


INFLUÊNCIA DO TEOR DE ÁGUA E DO ARMAZENAMENTO NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE CAGAITA [EUGENIA DYSENTERICA (MART. EX DC)]


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Botânica:


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CARACTERIZAÇÃO DE FRUTOS E ÁRVORES DE CAGAITA (Eugenia dysenterica DC.) NO SUDESTE DO ESTADO DE GOIÁS


Utilização:


Antifungal activity of volatile constituents of Eugenia dysenterica leaf oil